quarta-feira, 30 de março de 2011

No caminho uma depressão

A caneta que deslizava em versos o papel
encontrou no meio do nada, uma depressão
a superfície arrancada de seus pés
ofereceu lhe a angústia do precipício ao chão

com tantas palavras ainda por dizer, escrever
e o silêncio emudecido em branco
derramou lágrimas azuis de tristeza
na solidão daquela escura fortaleza

Mas, como toda maré há um dia de subir
Fez do vale, um mar imenso e azul de saudade
imitando um ponto, desejando ser vírgula
sempre lembrado nos dias bons


segunda-feira, 28 de março de 2011

Desprezando a Gravidade

Tira o peso da palavra
igual se tira da bola alçada na área
como o nobre poeta
tenta dar as pedras costume de flor
imagina as batendo asas
paradas no ar, vê-se beija-flor

Vê no chão uma estrela caída
logo torna-se pó
troca a terra pelo céu
muda o ângulo da visão
vai informação, vem emoção
para pra pensar, para de pensar

Imagina agora em delírio,
um sorriso pra seriedade
seriedade séria que sorri de volta
tira o peso
tira o peso
vê-se alegria


segunda-feira, 21 de março de 2011

Orquídea do cerrado

Arrancou do solo bruto sua força para viver
com lágrimas cultivou suas raízes
lutou contra todos, conseguiu crescer

Um dia roubaram sua alegria
não sentiu a luz do amanhecer
logo adiante onde não era mais pedra
um pé de lobeira começou a nascer

Por tempos perdeu seu viço
só lhe restará alguns raios destemidos
que atravessavam aos gritos as folhagens

Um dia devolveram sua alegria
a noite chegando num raio, a lobeira tocou
de manhã, cumprimentada pelo sol
a orquídea rupícula de coração grande, chorou...


Voa

Durante toda tarde estive pensando
Como devolver sua alegria?
E a resposta gritou aos ouvidos

Voa, voa, linda abelhinha
tome de volta sua alegria
mesmo que isto custe a minha!


Dois rios

Eu sei...,
há pelo menos um Deus
as pessoas podem ser boas
o amor que trago não cabe no peito

Eu não sei...,
porque não consigo ter fé
em quem posso acreditar
como demonstrar o que tanto digo?

Eu sei...,
a minha certeza está sempre certa
aquela garota não é pra mim
as vezes me perco em pensamentos

Eu não sei...,
porque sigo sempre o incerto
porque não quero abrir mão
como me acho em meio a este turbilhão?

Eu sei...,
sou o mais otimista,
tenho minha maneira de ser feliz
tudo ficará bem!

Eu não sei...,
por que as vezes ouço os pessimistas
minha maneira de ser feliz as vezes fica triste
e se tudo não ficar bem?

Eu sei, tudo vai acabar bem
e se não acabar bem?
O silêncio é ensurdecedor!



quinta-feira, 17 de março de 2011

Autoexplicação

Os versos que contam histórias
algumas do fundo da memória
vem agora o seu ritmo explicar

Primeiro: a troca com os verbos
pois a maioria estão do lado de lá
é apenas um jeitinho de dar rima
e ajudar quem for cantar

Cantar, porque poesia é canto
leva o som em tom mais brando
aos ouvidos de quem vai ouvir

Segundo: as palavras mais simples
pois dicionário não precisa usar
hoje o tempo passa depressa
e não há tempo para consultar


quarta-feira, 16 de março de 2011

Operações básicas

Procurou no conjunto universo
números para um plano polar
que indicasse a posição verdadeira
fazendo um sonho real se realizar

Procurou de forma racional
aquilo que fizesse vivo por inteiro
deixou de lado o mundo complexo
dedicou-se na busca ao natural

Descobriu que um mais um nem sempre é dois
mas que pode ser o um maior que existe
aprendeu, que um menos ou outro é igual a nada

Descobriu que dividindo a tristeza
multiplica se a felicidade
aprendeu, que o amor é evidência


A mentira arrependida

A mentira de pernas curtas
deu um passo maior que as pernas
foi do outro lado da esfera
sussurrar no ouvido de alguém

falou de um amor tão bonito
que ela mesma acreditou
no caminho de volta pra casa
sentou se numa pedra e chorou

A mentira arrependida não soube o que fazer
deu passos agora mais curtos
pensando no que iria dizer

decidiu dizer a verdade doesse a quem doer
sussurrou no ouvido de que veio
guarde este amor pra você


Ottone Felipe - 14/03/2011

A conversa

A vírgula, que brevemente interrompeu a conversa
trouxe logo adiante um ponto.
Em seguida a interrogação de o que é isso?
Ouviu com grande surpresa a exclamação!
A conversa que se estendia reiniciou com um travessão
_ O que vem agora? Repetiu a interrogação
cansada de seu uso anormal
pediu com pressa uma resposta
e exigiu um ponto final
o ponto por sua vez não parou adequadamente
escorregou dando três quiques...
e depois caiu sentado.