sábado, 19 de maio de 2012

Lamento


Por mais que eu tente ou queira
Não escrevo além da realidade
Não encontrei em mim traço de criatividade
Tudo que digo são meros pensamentos
Vistos, vividos, sentidos, revividos.
Saem como frutos do estado de espírito
Que insiste tirar da angústia e tristeza, suas melhores safras.
 
Como vê
Posso roubar uma história
Posso viver uma história
Posso sentir um sentimento, ou posso arrancá-lo de alguém.
Revivo o filme em outra perspectiva
E os desfechos paralelos que torturam a realidade
Entorpecem o corpo num efeito morfina

Como vê
Quero fazer história
Quero criar história, e depois contar.
Tenho o jogo de palavras certo que retrata sua dor
E sua dor me dói
Mas eu, engenheiro das palavras
Não inventei a máquina que traz o descanso.

Digo que poesia é extensão do corpo
São mãos que tocam a alma
Que um dia Deus, dê a elas o poder da cura
Sigo preso no meu desejo pedido
Como alimento que mata a fome
Que minhas palavras um dia se torne
Uma nascente infinita nascendo amor

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Amigos desconhecidos

Os olhos de quem nos viu
revelaram como espelho nosso eterno desconcerto.
Tinhas conhecimento de ti
como tinhas conhecimento de mim
e tudo a que limitamos...
um tímido e breve sorriso.

As palavras, presas por um laço de serenidade
despencaram-se ao chão sem que antes fossem ouvidas.
Nossos olhos, alinhados em horizonte inverso
pareciam pedir desculpas pela aparente indelicadeza
mas sua sutileza disfarçada na estampa selvagem e felina
confesso, foi como rugido que me despertasse a alma.

Não me esqueci dos teus pés
quando a tamanha proximidade não permitiu me esconder
também foram a última imagem que vi
Ao partir em definitivo no teu caminho contrário
Neles vi seu cuidado, vi suavidade
e para as minhas ideias concedi a liberdade.

Perdido em pensamentos de uma realidade impossível
lembrei da amizadade em um lampejo de razão
o que poderia eu desejar?
somos meros desconhecidos, amigos por outros amigos
certamente que este dia nasceu acompanhado do esquecimento
e tampouco nos veremos novamente.

Sinto não oferecer-te romantismo nas rimas
escrevi somente para que saibas
adoraria ouvir qualquer palavra tua
a mais simples conversa nunca seria enfado
escrevi somente para que saibas
sim, também tinha palavras a dizer
quando sem perceber, vi me cair em um profundo silêncio.